terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

 

 

 

 

 

 

 

 

O LIVRO DAS HISTÓRIAS PERDIDAS

 

por

 

 

Hélio Rodrigues Pereira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO I

 

A fase seguinte

 

 

Não sei nada sobre onde estou, quando e por quê. 

O que sei é que preciso escrever sobre o que sei, e tudo o que sei vem das últimas experiências por que passei. 

Também sei que preciso escrever. Preciso escrever para que me possam entender. Se eu for entendido, serei liberado à fase seguinte de onde virão mais respostas. 

Caso contrário, precisarei tomar mais lições, ler mais, responder mais.

Tenho feito progressos. Não sei se no ritmo certo. Mas tenho feito. É verdade que tenho sido impassível diante do que passei.  E que isso não prejudique o ingresso à fase seguinte.  

A fase seguinte...

Não sei como é, mas eu a quero.

O que me separa da fase seguinte é uma tarefa. Preciso cumprir a tarefa.

Expor cada sentimento de minhas vivências, narrar toda experiência. Essa é a tarefa.

Pois me encontro aqui na ignorância sem saber o que aconteceu. Não sei onde estou, quando estou, porque e o que me mantém aqui.

Nada sei.

Sou recém chegado de uma viagem esquecida. Não reconheço o que vejo, e para dizer a verdade, nem lembro quem sou.

Quem sou?

Vou preencher o branco. É escrevendo que chegarei a saber, é revelando que me serei revelado.

Começo a narrar tudo.

  

Perdido num mundo desconhecido

 

                Quando se desperta de uma noite bem dormida o sono profundo vai dando lugar ao sono leve, e aos poucos, os temas do cotidiano vão surgindo.

Primeiro em formas de pensamentos vagos e devaneios. Então especulações, e os fatos do presente se consolidam com suavidade. E todas aquelas ilações dos sonhos intensos são manchas coloridas na mente.  Perderam o sentido. Desaparecem.        

Se diante de tantas ilações nós reagimos com naturalidade, se aceitamos o que os devaneios nos oferecem de loucura e não nos assombramos, é porque no sonho a memória é reduzida. A visão do tempo vai se encurtando, e nessas passagens, somos apenas instantes. Uma ponta seguindo linhas sem nada guardar. E quando surgem ondulações e falhas, nossa ponta vacila. Treme, sem nada registrar.

Sem refletir. Apenas aceitar.

 E ficamos assim, como que espectadores passivos assistindo ao espetáculo que narra acontecimentos misteriosos, para receber e sofrer.  Crianças explorando uma realidade admissível, pois a lembranças do que é normal está suspensa. Sem a lembrança do que é razoável, não há critério para julgar o que se apresenta. Sem critério não há resistência, e sem resistência, só podemos aceitar.

Não resistir é repousar. Repousar é cair. Caímos como bola sem controle em planície acidentada. E as ranhuras deste relevo são acidentes formados por reminiscências esquecidas, traumas e lembranças sedimentadas num plano pra bola rolar. Cada formação, marcas acontecidas. Aquela montanha se ergueu de alegrias passadas. Os vales áridos são antigas ofensas sofridas.

E a bola desce pelas montanhas. Desliza pelos canais.  Aonde vai rolando, o sonho vai se formando. E transparece na superfície espelhada, a geografia da história narrada. A bola cai e rola no trilho das fraturas acumuladas, as rugas da jornada das terras pelas eras de erosão. Pensamos no que for de mais fácil de pensar. O mais fácil é ser carregado por temores e desejos. E os ventos das paixões nos carregam sem rumo. Luxúria e medo nos governam.

Quando a existência em vigília exige doloroso esforço, gozamos as delícias de nada ser.

E nada sendo, eu fluía. Flutuava entre os episódios. Neles entrava e saia. Fui rei e mendigo, juiz e ladrão, prisioneiro e guerreiro. Tomei lições de um sábio, que desaprendi, e pranteei as desgraças de linda menina que esqueci. O familiar virou indiscernível e mil faces comoventes de seus dramas jazem inertes como figuras difusas.

Vivenciei dramas estranhos que se prolongaram como contos de uma vida, e sonhos se sucediam em seqüência ininterrupta. O fim e o início de todas se mesclavam em eventos ignorados.

Após muitas vidas me vi na ilha. E estava eu numa praia onde via rostos felizes e alaranjados pela luz do por do sol. Leve eu ia com eles, e fitava a alegria de um e de outro, pois desses todos me sentia um bem vindo companheiro. E leve eu ia com eles, e com eles me alegrava. Esses estranhos eram velhos amigos, velhos amigos estranhos que jamais conheci. E nessa praia, nessa ilha, eu estava feliz, e vivia nessa leveza de uma vida sem futuro, entre homens e mulheres simpáticos na festa calorosa sob um céu avermelhado. A tarde era infinita. Eu era o homem do mundo, o mundo estava comigo e o mundo era a praia. E havia momentos como este. Eu me largava à deriva neste oceano de serenidade. Festejava um sonho no céu da vermelhidade.

Mas havia momentos que a estranha suspeita dominava.

E se antes via candura e expressões de amizade, passei a ver vacilações nos semblantes amigos. E seus olhos às vezes me desviavam. E o sorriso, tendia à ironia.  Distorcia.  E pensava se via demais, se via o que não devia ver, pois não podia entender.  Porque a felicidade que presenciava se tornou uma maldade dissimulada?

Magoado por esta mentira, me afastei, saí da frente de todos para fugir da ilha. Sair deste lugar.

E corri pelas vielas das vilas, atravessei ruas de pedra, serpenteei casas e choupanas, passei por bangalôs, todos da mesma cor.  Tudo avermelhava na ilha da vermelhidade. E os que passavam eram iguais. Neste sonho faltava variedade. Homens e mulheres de rostos alaranjados, indistinguíveis entre si, sem detalhes. Não havia textura, pormenores, profundidade. Não sonhamos com desperdício de imagem.

E continuei correndo. Fui a orlas e praias. E quis voltar aos meus falsos amigos. Estava solitário e oprimido.

E estes haviam sumido. Aonde quer que fosse, haviam partido. E a qualquer lugar que ia, já haviam dado partida. Atravessava a cidade para um lado. Eles iam para o outro.  E de todos que me escapavam, ansiava por ela, a antiga amiga de tempos sortidos.

Lembrei que algo acontecera e ficou um mal entendido. Isso não foi resolvido. Dei por encerrado e ignorei o acontecido.  E me vi dizendo a eles as coisas que queria dizer: “Eu sou o homem do mundo, o bem vindo companheiro. Quero me alegrar com vocês nas ondas do mar.”.

E me vi diante dela, ajoelhado, querendo explicar. Clamava por ela, que não podia me desprezar. “Eu, o homem do mundo, o bem vindo companheiro, o amigo com quem viveu momentos lindos que não lembro.”

E eu a caçava em desespero, em comoção de lágrimas contidas, queria explicar o porquê da confusão, a confusão que não entendo, queria explicar a confusão que não entendia, e ansiava pela sua presença para poder explica a confusão. “Eu preciso te explicar a confusão. Se eu te explicar você vai entender, minha querida. Queria dizer que vivemos momentos lindo que não lembro e explicar a confusão que não entendia, explicar o que não sei. Por favor, me deixa explicar, eu não entendo. Porque não me deixa explicar o que não entendo? Não entendo. E como pode esquecer os momentos lindos que não lembro? Quero explicar a confusão que não entendo e que você, por favor, lembre dos momentos lindos que eu não lembro.”

E ansiava por eles, e corria para eles, e ansiava para ela e desejava estar com ela. E ao buscar cada um de meus amigos, vi que por pouco sumiam. Será que por todo este tempo, o meu paradeiro eles saberiam?

Queria dizer a eles que estava assustado e que era o homem do mundo, o bem vindo companheiro, e ouvir consolo e perdão. Queria dizer que ia embora e ouvir o pedido de ficar.

E escutei murmúrios. Murmúrios semelhantes aos deles, que me fizeram pensar serem eles. Corri para os murmúrios. Corri para a casa de madeira.  E uma grande muralha de vegetação negava vista ao horizonte. A muralha verde atrás da casa. A casa de madeira. Corri pra lá.  E avançava devagar. Forcei as pernas e mal saia do lugar. Não sentia o chão. Queria avançar. Queria vê-los. Queria vê-los e desabafar. Queria vê-los e me assegurar que a ordem regia. Queria dizer que eu era o homem do mundo.

Mas ao meu destino visado não chegava.

E com forte desejo me imaginando lá, veio a seguir que na casa me encontraria.

A casa era garagem de barcos, e os murmúrios, marolas do mar.

Desapontado e eufórico, embarquei. Fugia da costa, fugi de barco, e o oceano queria abarcar. Estava livre. Estava em nova deriva no mar da liberdade, abandonei a serenidade e parti sem dizer adeus.

E fiquei imaginando o que os amigos pensariam. E se morresse na travessia, como saberiam?

Senti temeridade do mar aberto num bote simples, sem ver ao longe os indícios de terra firme. Vivi a temeridade de uma navegação imprecisa, pois os sonhos não são precisos.

De meus temores, especulei horrores, e imaginando haver adiante um enorme redemoinho, eis que nele me deparei rodopiando. E estava girando e girando e no centro vi um buraco escuro. Caindo para o vórtice terrível, imaginei eu, os meus amigos, e me afligi ao refletir as ignorâncias futuras.

O ignorado sou eu, e o esquecimento é o futuro dos outros.

E concebi cenas de esquecimentos hipotéticos. Colhi de já os ressentimentos de um desprezo especulado. Vi meus amigos. Eles se divertiam, eu era um detalhe de recordações esmaecidas. Dançavam sob o céu avermelhado, e na luz cessante, eu dissipava nas sombras do conhecimento.

Entretido com tais divagações, esqueci de meus perigos presentes, e ao me dar conta, não existiam mais. Então ao longe vislumbrei coisa cinza, uma possível pedra ou uma fera do mar. E imaginei como poderia escapar num bote simples de uma fera marítima. Logo em seguida, percebi que o cinza não era a pedra, e que feroz se dirigia pra mim. Pensei temeroso se haveriam outros. Olhei ao redor e lá estavam eles. Fiquei a pensar se seriam ferozes, e em todos vi mandíbulas.

Então parei. O tempo parou.

Que tudo fique imóvel para que eu possa pensar.  O mar está parado e os tubarões inertes.

Estou sentado num bote sozinho e refletindo. Preciso pensar.

Então me veio uma luz.  Agora eu sei. Sonhei que sabia.

Eu sei.

Sonhei que sabia que estava sonhando. Percebi que não estava onde pensava estar. E soube que os tubarões não estavam lá. Nada estava.

Pois eu agora eu sei, eu tenho a sapiência, tenho o conhecimento e nada pode me deter, porque agora eu sei.

Fiquei sabendo por que eu lembrei.

Fiquei sabendo porque se no tubarão pensava, lá ele estava.

Fiquei sabendo porque quando do  redemoinho esqueci, ele não estava mais ali.

E lembrei ter desejado estar na casa de barcos quando lá estive.

E descobri ser eu os meus amigos, pois quando achei que iam sumir, sumiam, e os fiz ir para onde não os encontrava porque temi não encontrá-los.

E me veio à memória tudo que havia pensado e com isso a verdade de que cada coisa que havia sonhado preexistiu em pensamentos anteriores. Se pensava em mar, havia mar, se em pessoas, então pessoas.

E já eu não era aquele eu, mas um novo eu. Um eu melhor. Um eu melhorado.

Eu sou o dono de todas as coisas, o senhor deste mundo. Com meu braço direito ergo os mares do oeste. Com o esquerdo, os do leste.

E se rodopio o dedo no ar as feras rodam a volta, suspensas no alto a girar.

Sou o soberano da vermelhidade, saio do barco para exercer a majestade.

Caminho nas águas. Não preciso nadar. Muralhas de água sustentam reverência, passo em revista os vagalhões disciplinados. Sou o senhor da vermelhidade, o dono de todas as coisas o eu melhorado.

E como rei, uma nova lei: decidi que posso voar.

E arranquei-me para as alturas, vi o céu, e para céu eu segui. Para o céu voei.

Sou o homem que tudo vê, e vi a ilha, as casas, o mar e o barco. Posso ir aonde me aprouver, ver o que quiser. Era um novo eu em glória nas alturas, entre nuvens para tudo vislumbrar. Entrei nos chumaços nebulosos, senti o frescor do hálito nebular.

E ainda em vôo, imaginei se avião passaria, e avião surgiu naquela via. Um grande avião de passageiros irrompeu no grande vapor que revolvia.  

Então me assustei. Fiquei paralisado em pânico.

Mas lembrei que era rei e me fiz fantasma. Atravessaria o avião.

Ele veio e um grande estrondo.

Surpreso e desconcertado num mundo que não mais me obedecia, percebi harmonia no avião que explodia. Uma explosão melodiosa. E de novo explodiu com melodia. E diante de mim um fundo azul.

Era o teto de um quarto e sob as badaladas de um relógio eu havia acordado.

A confusão

 

E como recordo agora, relógio e teto azul foram minhas primeiras descobertas no mundo de vigília. Poderia me levantar e explorar, mas se não fiz nos primeiros minutos que se seguiram foi porque desejei experimentar a sensação de se saber plenamente acordado. A rigidez da vigília impõe-se como realidade, o teto é teto e continua teto, e as coisas não se transmutam em outras, mas permanecem nelas mesmas. O som é constante, e percebo detalhes do tato cutâneo, rachaduras, imperfeições em cada canto, ranhuras, incontáveis tonalidades, textura. Nada do minimalismo dos ambientes oníricos. A experiência sensível é para a memória algo incognoscível.

Tentei e errei no reconhecimento das coisas. Analisei as sombras dos objetos e me deti maravilhado nos pormenores das irregularidades. Vi o complicado jogo de luzes e halos, e nenhum sonho poderia conceber as resplandecências das superfícies reflexivas. E intriguei-me com a geométrica distorcida das imagens metálicas. Maravilhei-me com os mosaicos em gradiente.

Pois aqui experimento os detalhes, experimento as minúcias da realidade. Se sonhar é belo, contemplar o real é um milagre. Pois aqui estou eu. Não sou mais o homem do mundo, mas sou mais homem e o mundo é mais mundo. E a vermelhidade que no momento contemplo, é bela em seus nuances que se desfazem no esforço de fixá-los. Dissipam nos caminhos intricados que levam as lembranças emolduradas. Fica deles um resquício de maravilha ininteligível, que escapam à captura da mente até que se possam agarrá-los no retorno à fonte. Não se pode reviver o mundo dormindo. Reconstituir na imaginação os sabores é impossível.

E assim fiquei por longo tempo, mergulhado no torpor de realismo, sentindo a mim mesmo e sentindo o que me cerca. Conforta saber que o que me cerca não se curva aos meus pensamentos, e posso voltar a minha própria memória com lucidez, pois vejo tudo e distingo. Vivia num mundo pantanoso em mente turva, e agora meus olhos testemunham a claridade que ilumina e impõe o rigor das coisas duras. E neste estado permaneci até me situar que não sabia onde estava.

Situei-me que não me situava.

E recordo agora que varri com meus olhos os arredores circundantes, tentando e errando o reconhecimento de cada objeto. Nada me era familiar, tudo era estranho. Eu estava num lugar e não sabia onde, poderia ser um hospital, mas nada havia para reforçar esta hipótese, apenas o raciocínio de que quando acordamos em local ignorado possivelmente é resultado de acidente. Mas não sei de nenhum acidente. Não havia no quarto instalações hospitalares, não havia dizeres médicos, avisos e advertências para controlar o ambiente. Apenas uma estante na parede à minha esquerda, uma estante vermelha com aparência de vinil e nenhuma janela. Pude tocar a parede a minha direita lisa e sentir suas rugosidades. Paredes e tetos eram azuis, uma estranha cor para um quarto. E o relógio, havia um relógio com ponteiros analógicos, e este marcava meia noite, ou marcava meio dia.

Fiquei atraído pelo relógio. Possuía moldura de desenhos arabescos e seus ponteiros desenhavam sinuosos motivos florais. Percebi seu estranho ritmo de tiquetaquear, ou eu projetei nestes sons a música de minha cabeça. Estando tão baixo seu ruído, estava próximo da intensidade dos pensamentos. Fui envolvido pelo ponteiro dos segundos e senti prazer em acompanhar seu hipnótico movimento, a única animação naquele lugar de coisas inertes.

Sendo meia noite ou meio dia, não importava, estava entretido com o movimento giratório que circulava os numerinhos. E contemplei o eterno retorno ao mesmo valor, satisfazendo a prévia expectativa da posição esperada. E deu uma, duas, três voltas, sempre retornando ao mesmo ponto e ficava rodando, rodando, rodando...até que pela primeira vez em toda a história épica de meu quarto vislumbrando fulgurações metálicas, halos e padrões complicados, eis que alguém apareceu. Senti sua presença fazendo sombra.

 

A Mulher

 

E diante de mim havia uma mulher. Uma moça, algo mais que uma menina. Parada e com expressão indefinível, lívida como morta e com cabelos pendentes tal mortalha negra envolvente, tinha olhos fixados em mim, esperando ou censurando ou apenas observando. E ao me deparar com sua face, deparava-me com estátua de mármore, uma efígie ameaçadora com olhar intraduzível. Fiquei desconcertado diante de tanta sobriedade. Fiquei confortado por este momento de pessoalidade.

E essa figura sobre-humana fala.

- Bom dia –

Por frações de segundos as sobrancelhas se arquearam em sincronia com o bom dia ressoado, e sua cabeça foi e voltou movendo-se quase imperceptivelmente, acompanhando os lábios que cerravam numa linha de mistério.

Tive que responder e o fiz. E ouvi minha própria voz respondendo ao bom dia e com isso eu soube que também falava, pois tudo soava como primeira vez.

Ela piscou, viu o chão, piscou e olhou pra mim.  Disse que eu dormira por um longo período. Exatamente como sentia. E então me dei conta que a hora no relógio não era meia noite, e sim meio dia. E recordo que perguntei a ela sobre as coisas que havia sonhado, e se podia entender as estranhezas que dissera, e tendo falado enquanto dormia, tendo sido monitorado, se ela lembraria de me ouvir suplicando a oportunidade para explicar a confusão que não entendia e para lembrar dos momentos lindos que não lembro.

E ela disse que entendia, e que também lembrava. E assim me confortou ela ao me guiar na selva escura se fazendo de Beatrix.

Não posso lembrar agora de todos os encontros e falas com acuidade necessária, pois foram muitas entradas e vindas, muitas fases passadas, mas chegou o momento em que deixei de não saber nada sobre estou, onde e porquê.